Reportagem do Jornal dos Municípios do Amapá, de 28/10/2010,
sobre o Museu Kuahí (no Oiapoque).
Povos da Floresta
No Museu Kuahí o visitante conhece com riqueza de detalhes
toda a história indígena de Oiapoque.
Os povos indígenas do Oiapoque têm um lugar especial para a preservação de sua história e sabedoria. Trata-se do Museu Kuahí, que reúne artes, ciência e tecnologia, integrando os múltiplos saberes das etnias pelas óticas da cultura, do meio ambiente e das suas diversidades culturais.
O Museu Kuahí é um espaço que contribui para a fabricação, exposição e a comercialização das peças artesanais. Uma conquista dos indígenas na luta pela manutenção dos seus costumes e da independência financeira. Inaugurado em 19/04/2007 pelo Governo do Estado, em parceria com o Ministério da Cultura, a construção do Kuahí recebeu investimentos na ordem de aproximadamente um milhão de reais, e R$ 615 mil em contratação de pessoal, aparelhamento, mobília e equipamentos de informática.
Fotografias revelam traços
da cultura e diversidade indígena |
Múltiplas atividades são desenvolvidas no local, de modo a proporcionarem a comunicação permanente entre os indígenas e o "branco". Projetos, oficinas e cursos integram o intercâmbio com outros povos indígenas, com instituições acadêmicas, museus (nacionais e internacionais) e organizações sócio-ambientais.
Espaço é administrado por indígenas
O Museu Kuahí conta com duas salas de exposições (uma permanente e outra temporária), auditório, sala de pesquisa bibliográfica e audiovisual, com um acervo bastante rico, sala de atividades pedagógicas, além da loja de artefatos.
Os funcionários são indígenas genuínos. Eles são responsáveis pela administração, pelo monitoramento das visitas, vigilância e serviços gerais.
"O museu indígena tem um significado muito forte de luta, de tradição, de cultura e de história. Começamos a imortalizar a nossa história a partir do Oiapoque. O museu é referência para os povos que habitam as áreas indígenas do Amapá e para a própria história do nosso Estado", diz orgulhoso o gerente Sérgio dos Santos, da etnia Galibi Marworno.
Museu abriga peças artesanais como vasos,
canoas, cestos e outros materiais e utensílios.
Região abriga mais de seis mil índios
O Município de Oiapoque, distante 600 km da capital Macapá, abriga seis mil indígenas, distribuídos em 40 aldeias que ocupam uma área de 520 mil hectares.
A cultura dos Karipuna, Palikur, Galibi Marworno e Galibi Kalinã, estão representadas no Kuahí. mas a história dos Aparaí, Tiriyó, Waiana, Txikuyana, Kaxuyana e wajãpi, moradores das regiões de Pedra Branca do Amaparí e do parque do Tumucumaque também são contadas e representadas no museu.
Gravura chama a atenção pela criatividade na confecção.
Artesanato encanta pela diversidade de peças e objetos
Ao entrar no Museu Kuahí o visitante vai encontrar mastros e bancos do Turé (dança típica indígena), cuias e canoas, jóias em miçanga e penas, potes de barro e muitos outros artefatos que fazem parte do cotidiano e dos momentos de festas dos povos.
Entre as matérias primas, as principais são madeira, fibras, cerãmica, sementes, plumagem, raízes, dentes e ossos de animais, cores (muitas cores) extraídas diretamente da natureza, das cascas de árvores, das sementes do urucum, o mesmo material utilizado nas pinturas que embelezam os corpos nos atos de guerra e riruais.
O artesanato, enfim, se destaca como a principal fonte de renda e de orgulho dos indígenas.
Cada etnia trabalha seus materiais
Os karipuna, por exemplo, fabricam colares e pulseiras de ossos. Os wajãpis usam desenhos mitológicos para explicar suas origens. Os Apalai do Norte do Pará fazem desenhos geométricos com significados conhecidos apenas pela tribo.
O Kuahí é o centro que congrega as diversidades culturais dos indígenas. Um universo de pessoas dentro da Floresta Amazônica no Amapá, que tem seus direitos respeitados e garantidos pelo Governo estadual e que enaltecem a história da construção e do desenvolvimento da sociedade amapaense.
O Museu Indígena Kuahí está localizado na Av. Barão do Rio Branco, 160, no Município de Oiapoque. Funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
Uma boa referência a quem deseja estudar cultura indígena (especificamente das civilizações Maracá e Cunani) é o livro O Legado das Civilizações Maracá e Cunani - O Amapá revelando sua identidade / SEBRAE-AP 2006).
A obra está disponível para consultas no acervo da Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá.
Veja aqui um texto publicado na Revista Galileu (Janeiro/2004), sobre a cultura dos Wajãpis, considerada pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade.