As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Base Aérea de Amapá (Parte 1)

Texto publicado na "Revista Cultura Agora" (Ano 1 - Nº 1 - GEA/SECULT).
"Amapá guarda ruínas da base militar americana que defendeu o Atlântico"

Situada a 306 quilômetros da capital Macapá, e a nove quilômetros da sede do Município do Amapá, a base aérea (construída pelos Estados Unidos em plena Amazônia durante a 2ª Guerra Mundial) está há muito  tempo esquecida  e abandonada pela administração pública.
Ainda existem os prédios onde funcionavam os alojamentos, refeitórios, padarias, paiol (onde eram armazenadas as bombas), e residências para alojar o pessoal militar não só da FAB, como também da força aérea-americana, mas tudo está em ruínas. 
Foto: Biblioteca da Prefeitura Municipal de Macapá
Nos anos 40 a Base Aérea Norte-americana transformou a realidade da pacata localidade de Amapá. A construção serviu para abastecer aviões que iriam combater as tropas do eixo, na guerra. Registros da Aeronáutica indicam que pelo menos 21 aviões pousaram na cidade do Amapá durante viagens até Natal (onde havia outra base).
Os alojamentos receberam aproximadamente 2 mil militares em vários períodos. No rastro deles, chegaram prestadores de serviços diversos, o comércio floresceu e surgiram inúmeras fazendas de gado. A população local cresceu com as promessas de emprego numa fronteira do país ainda inexplorada.
Um dos marcos mais importantes desse tempo, ainda hoje de pé na base do Amapá, é a torre de atracação de dirigíveis - pequenos zeppelins, chamados de "blimps", que faziam a patrulha anti-submarina e a escolta de navios no Atlântico. No Brasil, os americanos tinham 16 "blimps", divididos em quatro esquadrões, um deles com atuação no Amapá. Em fevereiro de 1944, na costa amapaense, esses dirigíveis resgataram sobreviventes de dois aviões B-25 acidentados na selva.  
Foto da Revista Cultura Agora (2011)
Os trabalhos de construção da Base Aérea de Amapá tiveram início em 1941. Após a guerra, em 1946, foi desativada e passou às mãos  da Força Aérea brasileira (FAB), que montou ali o Centro Aéreo de Treinamento. Com, a saída dos estrangeiros, a região entrou em decadência, passando a ser refúgio de garimpeiros que até hoje exploram ouro nos rios encachoeirados das redondezas.
O empenho em transformar a base do Amapá em pólo cultural, para receber visitantes de várias partes do país e até do exterior faz sentido, tendo em vista que a rodovia que corta o município é rota para a Guiana Francesa.
Foto da Revista Cultura Agora (2011)
Veja mais algumas fotos da Base Aérea no Município de Amapá (GEA / 1998) 

 Casa de Força
 Torre com farol e uma das várias torres que operavam
 Paióis de Munição
 Sucatas de carro de bombeiro, jipe e trator
Estação de tratamento de água, poço e cisterna de abastecimento 
 Barcaça motorizada que transportou materiais para a construção da Base Aérea (materiais vindos de navios e transportados pelas barcaças no Rio Amapá Grande)
Antiga Estação de Rádio da Marinha Americana
 Sucatas de jipe e basculante
 Sucatas de carro de bombeiro
Transformador (vendo-se ao fundo alojamentos de oficiais) e Casa de Força 
Respectivamente: Antigo alojamento (funcionou depois como capela para a população residente na área da base) e Antigo almoxarifado. 
 Antiga Estação Transmissora e Residência do Operador.
Escritório da Marinha Americana.
 Locais do cassino, cinema e salão de danças.
 Casa de bomba d'água e tratamento com filtro.
Local onde funcionou a carpintaria da base.
Locais do antigo refeitório, frigorífico e cozinha.
Antigos alojamentos (depois serviram como residência de posseiros)
 Estação de tratamento de água.
 Casa de Hidrogênio (Sondagem).
Forno crematório (para queima de lixo).
 Antiga lavanderia (depois residência de posseiros)
Local onde funcionou antigo Posto Médico da Marinha Americana.
Bases das antigas torres transmissoras.
Torre de atracação do Zepelim.

 Edificações da Base Aérea de Amapá


Veja também:

LENDAS - A Lenda do Jurutaí

Jurutaí é uma ave noturna, de canto agourento, "melancólico e estranho, lembrando uma gargalhada de dor". Também é chamado de Urutau e é cercada de mistérios. Uma ave rara que  inspirou uma singela e melancólica lenda (tal qual seu canto), representada nesta animação contada pelo Grupo Girasonhos. Bela estória e bela música!
Veja aí o Jurutaí (Urutau), seu canto e em seguida a animação da lenda. 


Canto do Urutau (Jurutaí)
A filmagem da ave é creditada à Douglas Fernando Meleti

"O amor platônico mais cruel que existe 
é aquele que está constantemente ao alcance dos olhos."
M. M. Soriano

Lenda do Urutau - Animação do Grupo Girasonhos
(com ilustrações de Walter Saiani).

"Amo como ama o amor. 
Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar.
 Que queres que te diga, além de que te amo, 
se o que quero dizer-te 
é que te amo?"
Fernando Pessoa

A Lenda do Jurutaí 
Ilustração: Fernando Villela
Muito tempo atrás, no fundo da floresta amazônica, havia um pássaro chamado Jurutaí. Uma noite, Jurutaí olhou para cima, através do ar quente, e viu a lua. Ela estava completamente redonda. A luz prateada brilhou sobre a face de Jurutaí como se a lua estivesse se esticando para tocá-lo. E Jurutaí se apaixonou.
Jurutaí se apaixonou pela lua e quis ir até onde ela estava. Assim, voou até o topo da árvore mais alta que podia ver. Mas a lua ainda estava longe. Ele voou até o cume de uma montanha. Mas a lua ainda estava longe.
Então ele voou até o céu. Jurutaí bateu as asas, subindo, subindo, até o ar ficar rarefeito. Mas a lua estava muito longe. O pássaro continuou voando para cima até as asas doerem, os olhos arderem e parecer que cada respiração só enchia seus pulmões de vazio.
Queria prosseguir, mas era muito difícil. A força de suas asas chegou ao fim e de repente ele começou a cair. Rodopiava, através do ar negro, e batia as asas céu abaixo. Ele caiu de volta nas folhas úmidas e perfumadas das árvores. E se empoleirou ali, piscando ofegante para a lua. Ela estava distante demais para que ele a alcançasse. Assim, tudo o que Jurutaí podia fazer era cantar para ela. Ele cantou a mais bela canção que pôde.
Uma canção cheia de tristeza e amor, que se espalhou pela floresta.
A lua olhou para baixo, mas não respondeu. E lágrimas encheram os olhos de Jurutaí. Suas lágrimas rolaram pelo chão da floresta. Encheram vales e escorreram em direção ao mar. E dizem que foi assim que o rio Amazonas surgiu.
Ainda existe um pássaro chamado jurutaí que vive na floresta amazônica hoje em dia. Às vezes, na lua cheia, ele olha para o céu e canta. E ouvi falar de povos indígenas que acendem fogueiras quando a lua cheia brilha e cantam e dançam para fazer o jurutaí cantar. Eles sabem que cantar a mais bela canção que se conhece é a melhor maneira de se livrar da tristeza. E acreditam que deveríamos acender fogueiras no coração quando o jurutaí dentro de nós se cala.
Leitura indicada
Cobra-grande: histórias da Amazônia, de Sean Taylor, traduzido por Maria da Anunciação Rodrigues, colorida e ricamente ilustrada por Fernando Vilela (Edições SM, 2008). Nove lendas que correm há centenas de anos no boca-a-boca dos ribeirinhos da Amazônia foram ouvidas e ganharam vida nesta obra do escritor inglês, que fez três viagens pelos afluentes do Amazonas.
Mais informações desta obra em:


 Outras versões de lendas sobre o Urutau (Jurutaí) são encontradas no textolivre.com.br - LENDAS DE URUTAU, onde conhecemos as seguintes estórias:
  1. Lenda Tupi-Guarani
  2. Lenda Amazonense
  3. Lenda Portuguesa
  4. Lenda Asteca
  5. Lenda Religiosa

domingo, 30 de outubro de 2011

MUNICÍPIO - Amapá (Parte 1 - Informações Gerais)

Reportagem do Informartivo do Governo do Estado do Amapá (Jornal Participação - Ano I / Nº 08 / Outubro-2011). O texto é de Edgar Rodrigues.

 Município de AMAPÁ, 110 anos  

No dia 22 de outubro, o Município de Amapá completou 110 anos de criação, pela Lei Federal Nº. 798. Ele foi a terceira cidade a ser fundada na história do Amapá. O primeiro nome que recebeu foi Montenegro. Tratava-se de uma região que fora contestada pela França e que, pelo Laudo de berna, ficara definitivamente brasileira.
Os limites originais abrangiam Montenegro, Oiapoque, Cunani, Lago Redondo, Aporema, Alto Araguari, Baixo Araguari e Terra Firme. A instalação do município se deu em 17 de janeiro de 1902. De 1901 a 1903, é denominado de Montenegro. De 1903 a 1938, volta a receber a denominação de Amapá. Em 1938, recebe a denominação de Veiga Cabral. A partir de 1939, volta a ganhar a nomenclatura inicial de Amapá.
O nome "Amapá" é d indígena  e vem da nação Nuaruaque, que habitava a região e Norte do Brasil, na época do descobrimento. Significa, segundo Antônio Lopes, "Lugar da Chuva". AMA (chuva) + PA ou PABA (lugar, estância, morada). Uma planta de nome Hancornia amapa, recebeu esse nome em homenagem ao lugar. 

Dados do Município:

População: 7.667 habitantes (IBGE 2010)

Localização: Situa-se na parte Nordeste do Estado do Amapá.

Altitude: 8, 64 m (sede)

Distância da capital: Aproximadamente 300 km

Vias de acesso: Marítima, aérea e terrestre

Área: 9.203,50 km²

Limites:
Calçoene (Norte e Oeste)
Pracuúba (sul)
Oceano Atlântico (Leste)

Núcleos populacionais: São 12 ao todo (Amapá Grande, Araquiçava), Base Aérea, Calafate, Cruzeiro, Paratu, Piquiá, Ramudo, Santo Antônio, Vista Alegre, Vulcão do Norte e Sucuriju)

Clima: Quente e úmido

Temperatura: Máxima de 34° e Mínima de 20°

História    

A história deste município é farta em acontecimentos ligados à conquista de terras, cujos reflexos afetavam o povo da fronteira do extremo Norte. Os conflitos acentuavam-se ainda mais a partir de 1894, quando da descoberta de ouro em Calçoene. Este fato motivou ainda mais a presença de europeus e norte-americanos que se instalavam às cabeceiras do rio. Esses estrangeiros caienenses, passarama dominar a região, agindo como verdadeiros senhores, perseguindo índios e escravizando mulheres para a prostituição.
Em 22 de outubro de 1901, pela Lei Nº. 798, desta data, surge o Município de Amapá, com a denominação de Montenegro. Em 15 de novembro de 1982, Amapá, Calçoene, Macapá, Mazagão e Oiapoque (antes considerados áreas de segurança nacional) elegem seus prefeitos, encerrando-se de vez a proibição do regime militar.


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Roteiro Amazônia no meio do mundo (Revista Novo Ambiente 2011)

IMPERDÍVEL
No monumento Marco Zero, um relógio de sol marca o local exato onde uma linha imaginária divide a Terra em dois hemisférios, o que dá à cidade o privilégio de assistir ao fenômeno do equinócio. Nesse período, os dias e as noites têm a mesma duração em todo o planeta. O Estádio Zerão ganhou esse apelido porque a linha de meio de campo coincide exatamente com a Linha do Equador, fazendo com que cada time jogue em um hemisfério.
EQUINÓCIO
Fenômeno natural que ocorre no monumento Marco Zero do Equador, nos meses de março e setembro, quando os raios do sol, em movimento aparente, incidem exatamente na Linha do Equador, dividindo a Terra em dois hemisférios (Norte e Sul) e fazendo com que a noite e o dia tenham a mesma duração.
Viaje pelo AMAPÁ
Todos os dias, com mais intensidade entre abril e junho, as águas do rio Araguari se encontram com as do oceano Atlântico. A eclosão pode gerar ondas de até 5 m de altura e, com sua força devastadora, derrubar e arrastar árvores. O fenômeno, conhecido como pororoca, é um dos principais atrativos do Amapá, que chama a atenção pelo exotismo de sua paisagem, síntese dos diversos ecossistemas da Amazônia. Pródigo também em etnias variadas, reúne comunidades negras e nações indígenas, daí sua riqueza de ritmos, sons e danças.
O Amapá, com 143,4 mil km², está localizado quase que inteiramente no hemisfério Norte. Seu litoral tem 242 km de extensão e vai do Cabo Orange ao Cabo Norte, ou seja, da foz do rio Oiapoque à do Amazonas. A agriculturae a pesca são as atividades de maior importância socioeconômica do Estado, que tem população estimada em 600 mil habitantes. A capital, Macapá, é cortada pela Linha do Equador, motivo pelo qual é conhecida como “Cidade do Meio do Mundo”.

LINK DA REVISTA
Para quem prefere história, Macapá oferece a incrível Fortaleza de São José, marco arquitetônico e histórico localizado às margens do rio Amazonas. Erguida entre 1764 e 1782 por mãos escravas, a fortaleza garantia o domínio português no extremo norte do Brasil.
O lendário e místico Amazonas contempla a morena e bela cidade, cuja origem etimológica tupi-guarani vem de “macapaba” (terra das bacabas), onde se extrai do fruto da bacabeira um precioso vinho muito consumido na mesa do amapaense.


Texto: "Revista Novo Ambiente" (Ano 2 - Edição 17 - Outubro/2011 - pág. 62-63)
revistanovoambiente.com.br

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Jornal da 48ª Expofeira do Amapá (GEA - 2011)

Este é o informativo de 2011 sobre a Expofeira do Amapá. Mostra um pouco da história da feira e a agenda cultural deste ano.

A Biblioteca SEMA-AP na Expofeira 2011

A 48ª Expofeira se realiza entre os dias 21 a 30/10/2011. Objetiva atrair investimentos para o Estado, exibir as potencialidades locais e promover o desenvolvimento do setor primário. Constitui-se assim em um dos maiores eventos do Amapá, reunindo muitas possibilidades de negócios na agricultura, pecuária, indústria e comércio, além, é claro, do entretenimento.
Seu início foi em 1947 na Praça Barão do Rio Branco,  sendo denominada "I Feira de Exposição de Animais do Amapá", no então Território Federal do Ama.
A intenção inicial foi de fomentar a atividade agropecuária e pesqueira da região que, segundo o governador Janary Nunes, seria uma das grandes saídas para o desenvolvimento da economia amapaense.
À feira, eram agregadas muitas atividades:
- leilão de animais;
- pescas improvisadas nos igarapés próximos
- praça de alimentação a céu aberto;
- exposições culturais;
- apresentações de marabaixo e sairé
- peças teatrais, etc.
Em 1952 o Estádio Glicério Marques foi também cenário da Expofeira e em alguns anos seguintes, por estar localizado no perímetro urbano de Macapá. Na parte lateral do estádio eram edificadas as estruturas em madeira e o gramado servia para apresentações de shows e rodeios.
Em Fazendinha a feira passou a ser instalada, sendo montado um Parque de Exposições, inicialmente com edificações rudimentares. 

Aos poucos outras atrações foram  oferecidas em estandes melhor estruturados (eletrodomésticos, veículos, máquinas agrícolas, mobiliário, artesanato, etc) e a antiga Feira de Exposição de Animais e Produtos Econômicos passou a ser denominada (nome que se estende até hoje) de
"Expofeira do Amapá".
Depois de muito tempo, neste ano (2011), a Biblioteca Ambiental da SEMA-AP (NIDA - Núcleo de Informação e Documentação Ambiental) recebeu um espaço e reuniu em um estande algumas informações de seu papel e particularidades disponibilizadas à sociedade.
Além das publicações (a Biblioteca SEMA tem em seu acervo mais de 10 mil publicações - entre livros, folhetos e periódicos - sendo a maior parte voltados ao tema meio ambiente), foram exibidos também alguns vídeos ambientais.
A proposta é de divulgação da Biblioteca. Muita gente, mesmo estando localizada no centro da cidade, não sabe ou não conhece. Este é um importante local de difusão da informação ambiental. Tem em sua estrutura, além do acervo bibliográfico, uma videoteca, memorial ambiental e disponibiliza hoje a pesquisa on-line.
A Biblioteca SEMA-AP faz parte da Coordenadoria da SEMA (CEIA) que apresenta também o núcleo (NEA) atuante na educação ambiental e que desenvolve hoje alguns importantes projetos na promoção ambiental, como o "Projeto Agente Ambiental Comunitário", "Multiplicadores de Educação Ambiental" e o "Comitê Ambiental da Ressaca do Pantanal".
Técnicos do NIDA e NEA, da SEMA, estiveram recebendo a comunidade no estande. 
Alguns técnicos da SEMA que estiveram no estande: Gregor Samsa (NIDA), João Néri (motorista), Rosa Dalva (Gerente do NIDA), Val (NEA), Adla (NEA) e Maycon Tosh (NIDA).
 Marta (NEA) / Denilson (NIDA), Raimundinho (motorista) e Nelziana (NIDA)

Fonte de consultas para a postagem:
- Jornal da 48ª Expofeira do Amapá (GEA - 2011)
- Jornal Participação - Informativo do GEA (Ano I - Nº.7 - Outubro/2011)
- Veja aqui mais informações da Biblioteca SEMA em Macapá

A Fortaleza de São José de Macapá (Parte 4 - Vídeo Documentos da Amazônia)

A Fortaleza de São José de Macapá, a mais imponente e preservada fortificação na Amazônia. 

Vídeo "Documentos da Amazônia", exibido no Amazon-SAT (1998)Reportagem: José Amoras
Alguns pontos abordados:
- Após 216 anos (vídeo de 1998) o maior monumento militar do país, do Período Colonial, passa por uma restauração completa.
- A Fortaleza de S. J. de Macapá, que jamais foi utilizada para combate, defendeu o extremo norte do Brasil apenas com sua presença.
- No dia 02/01/1764 começou o delineamento do solo e os serviços preliminares. No dia 29/06 do mesmo ano foi lançada a pedra fundamental do forte, que ainda hoje pode servir de abrigo contra ataques aéreos ou terrestres.
- Entre os séculos XVII e XVIII os portugueses trataram de defender as terras brasileiras em pontos estratégicos. A solução foi construir monumentos como a Fortaleza de São José. Esta construção durou 18 anos e aconteceu no período entre 1764 e 1782.
- A demora não foi pela grandeza da obra, mas pelos problemas encontrados. Apesar da boa vontade do governador Athayde Teive, Henrique Gallúcio e outros oficiais, a falta de mão-de-obra e a escassez de material de vez em quando fazia parar tudo.
- Um grande número de índios das aldeias mais próximas foi utilizado para o trabalho, mas eles eram perseguidos pelas doenças e oprimidos pelo rigor da disciplina militar. Assim que tinham oportunidade fugiam das pedreiras e muitos acabavam morrendo.
- O trabalho continuou através dos escravos africanos, o negro era mais submisso ao cativeiro e mais resistente aos maus tratos e à péssima alimentação. Os índios fugiam muito e nas matas era difícil apanhá-los, os negros quando fugiam não iam longe e deixavam-se prender facilmente.
- O falecimento de D. José I fez com que a obra parasse durante quase 06 anos.
- O engenheiro H. Gallúcio não viu terminada a sua obra. O clima quente da região e os trabalhos fatigantes aruinaram-lhe a saúde. tentou várias vezes obter licença do trabalho, mas comandantes e governadores negavam-lhe o pedido, julgando indispensável sua presença em Macapá. O autor do projeto faleceu 05 anos depois do início das construções, além deles, ninguém conhecia plantas, estudos e desenhos sa Fortaleza. 
- Grandes blocos de pedra foram extraídos do Rio Pedreira e colocados um sobre o outro  em harmonia e alinhamento. 
- O projeto de Gallúcio era o que havia de melhor em matéria de fortificação defensiva baixa e rasa. Periodicamente eram enviados à Portugal relatórios sobre a construção acompanhados de plantas.
- Por volta de 1766 começaram a chegar os canhões de Portugal. Quando Henrique Gallúcio faleceu já estavam montados 62 canhões.
- Na fortificação funcionavam dois alojamentos de oficiais, uma capela, a casa do comandante, 03 armazens de de munição, um hospital e dois alojamentos da tropa.
- Observando de cima o forte tem formato de uma estrela de quatro pontas.
- No centro foi construído um fosso para escoamento da água das chuvas, havia também uma ponte que fazia a ligação com a parte da frente.
- São 04 baluartes: São José, Madre de Deus, São Pedro e N. Srª da Conceição.
- O quinto baluarte seria construído na direção norte da cidade, mas quando a edificação ia começar já não havia a necessidade. Ingleses, franceses e holandeses, percebendo que não ganhariam nada por aqui, acabaram com as tentativas de invasão.
- Antes de ser inaugurada a Fortaleza apresentava graves defeitos de construção. Grandes fendas foram detectadas no Baluarte de São José (construído sobre um terreno pantanoso), pouco a pouco as obras complementares foram sendo concluídas até que em 1782, em 19/03 (Dia de São José), o monumento foi inaugurado.
Fortaleza em foto antiga.
Este vídeo pode ser encontrado na Videoteca 
da Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá.

Veja também:

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

BAIRROS DE MACAPÁ - O Bairro do Trem (Parte 2)

Este texto foi publicado no Jornal "Diário do Amapá", de 18 de setembro de 1998. Resgata um pouco da história do Bairro do Trem, enfocando a contrução da torre da igreja. O texto é de Hélio Pennafort.  
Fragmentos da história a serem preservados e conhecidos. 

MUTIRÃO 
Obra da igreja N. Srª da Conceição envolveu toda a comunidade
do Trem, sob a liderança do padre Antônio Cocco.
Torre do Trem: marco de um magnífico trabalho paroquial.
HÉLIO PENNAFORT  
Da Editoria de Cultura
Faz um bom tempo. O canoeiro Chico Gonçalves vinha vindo da Ilha Viçosa com o seu carregamento de peixe. Logo que passou o Pau cavado e deu pra ver o descampado da cidade, observou que alguma coisa nova e diferente estava surgindo na paisagem de Macapá. Estranhou e quis ver de perto “aquela coisa alta”. Fizeram sua vontade. E lá foi o pescador conhecer a torre da igreja do Trem, já então um símbolo do bairro mais populoso e mais animado da capital.
Só esqueceram de dizer ao Chico que aquela torre e aquela igreja foram resultados do maior trabalho comunitário já acontecido por aqui e serviram também para expor o dinamismo e a perseverança de um padre que até hoje é reverenciado pelos católicos macapaenses.
Quando o padre Antônio Cocco recebeu a incumbência de vigariar a paróquia do Trem, ele e seus paroquianos armaram um barracão, onde foram realizadas as primeiras reuniões com vistas à construção da igreja. Com a amizade consolidada no meio, o trabalho começou, unindo na missão operário, crianças, jovens e adultos, de todas as camadas sociais. Os recursos chegavam de diversas partes. Colaborou a indústria, ajudou o comércio, e o material ia se acumulando. As carradas de areia, pedra e tijolos, muitas custaram apenas um pedido do padre Antônio ao Belarmino Paraense de Barros, nessa época paroquiano do Trem e administrador da Olaria Territorial. Certa ocasião, o Walter Banhos lembrou para a Voz Católica: “Dava gosto a gente ver a turma trabalhar. Os mais velhos se encarregavam do preparo das massas, do transporte de materiais pesados. E os meninos levavam os tijolos e as telhas. Pouco a pouco. Tinha guri que só podia mesmo com um tijolo, mesmo assim passava horas e horas ajudando a construir a igreja.”
Não demorou muito, portanto, para o bairro do Trem receber uma igreja grande, nova e moderna.
Mas as idéias do padre Antônio não pararam por aí. Meteu na cabeça que uma torre – mas uma torre bem alta – deveria ser o marco daquele magnífico trabalho paroquial.
Novas reuniões com os paroquianos, já na igreja nova, e a idéia começou a sair do terreno da imaginação. Novas campanhas, outros pedidos, e mais uma vez o empresariado se mostra generoso e não nega sua ajuda para mais uma obra da paróquia.

TORRE
A Providência parece que ouviu o apelo do padre Antônio
Padre Antônio Cocco, foi o primeiro vigário da Paróquia do Trem.
HÉLIO PENNAFORT  
Da Editoria de Cultura
Orgulho do bairro do Trem e norteadora de embarcações
Houve coordenadores e estimuladores da grande tarefa de construir a torre, realizada por centenas de fiéis sob a supervisão hora-a-hora do incansável padre Antônio Cocco.
Feita a torre, veio logo a pergunta: e os sinos?
A Providência parece que ouviu a pergunta, tanto que provocou uma viagem do padre Antônio à Itália, onde apelou para a grande quantidade de amigos que também tinha por lá.
E com a mesma generosidade dos paroquianos do Trem, os italianos colaboraram e a aquisição dos sinos foi rapidamente viabilizada.
Foi dessa maneira, então, que os católicos do bairro do Trem construíram a igreja.
E foi também desse jeito que a igreja ganhou uma torre monumental, orgulho dos moradores do bairro e norteadora de embarcadiços que a enxergam de bem longe.                                            
Imagens Recentes - Fotos de Rogério Castelo (26/10/2011)
Os anos passam, mas a torre continua despontando na paisagem urbana.
Macapá é uma cidade em verticalização, mas os prédios não são muito altos. Como outrora, a torre ainda é bem visível de diversos ângulos. Símbolo de um esforço e uma conquista comunitária. 
Esta foto foi tirada do Bairro Central, em frente ao cemitério.

Veja também: 

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Portão de entrada do Brasil na linha do equador (Revista Amazônia Típica - 2011)

Majestosa construção histórica dá as boas vindas! (Foto: SETUR-AP) 
 
Quem chega durante o dia em Macapá, pode vislumbrar uma bela visão aérea. É a Fortaleza de São José de Macapá que, vista de cima, se assemelha a uma estrela apresentando planta no formato de um polígono quadrangular com baluartes pentagonais nas vértices (Nossa Senhora da Conceição, São José, São Pedro e Madre de Deus). Construção imponente que inspira segurança em seu interior e pode ter sido ameaçador na época de colonização. A noite, um ar romântico e/ou tenebroso paira naquele lugar, dependendo do visitante.
Localizada na foz do Rio Amazonas, em frente à cidade de Macapá e edificada 18 metros acima do nível do mar, a construção da Fortaleza foi iniciada em 1764, cuja função era impedir a entrada de navios invasores e defender abrigando no seu interior, os moradores da vila de São José de Macapá. Servia também como base para o reabastecimento e refúgio aos combatentes, enfim, manter a ordem soberana de Portugal na região. Sua inauguração foi em 1782, no dia do santo padroeiro da cidade de Macapá, e orago da fortaleza: São José, após 18 anos de trabalhos na construção. Em seu interior, encontram-se os prédios que abrigavam antigos armazéns, capela, casa de oficiais e do comandante, casamatas, paiol e hospital, além dos elementos externos componentes do complexo, como revelim, redente, fosso seco e baterias baixas.
Com o advento da Proclamação da República, a Fortaleza gradativamente entrou num processo de total abandono, situação esta que permitiu o saque de vários objetos como artefatos de guerra, canhões, pedras e tijolos, etc. Em 1990, foi entregue o projeto da área interna, e em 1991, o projeto da área externa. Em 22 de março de 1950, foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN. Recentemente, foi reformada pelo Governo do Estado de Amapá, a Fortaleza ganhou o Museu Joaquim Caetano da Silva com serviço de visita monitorada por guias. 

Marco Zero e o Zerão? Outros locais que merecem visitas no Amapá é o Marco Zero e o estádio Zerão. No Marco Zero, você pode ficar literalmente no “meio do mundo” ou nos dois hemisférios, pois lá atravessa a linha imaginária do Equador. Há uma construção para marcar o local onde a linha imaginária divide a Terra em dois hemisférios. A cidade tem o privilégio de assistir ao fenômeno chamado de Equinócio, palavra que deriva do latim aequinoctium e significa noite igual e refere-se ao momento do ano em que a duração do dia é igual a da noite sobre toda a terra. Esse fenômeno se dá em dois momentos: um no mês de março e o outro em setembro. O Monumento Marco Zero também possui no seu terraço um espaço para shows, além de salão para exposições, bar e lanchonete e lojas para venda de produtos locais. É o mais conhecido ponto turístico de Macapá.

Foto da SETUR-AP - Trapiche Eliézer Levy
O Estádio Milton Corrêa, mais conhecido como “Zerão”, é um estádio com capacidade para 5.000 pessoas e sua inauguração ocorreu em 1990. Esse apelido se deve ao fato de que a linha de meio-de-campo coincide exatamente com a Linha do Equador, fazendo com que cada time jogue em um hemisfé-rio. O Trapiche Eliezer Levy é para os boêmios. Construído na década de 40, por muito tempo foi o ponto de chegada e saída da cidade. Antes do trapiche, as embarcações aportavam na chamada Pedra do Guindaste, onde hoje está colocada a imagem de São José, em concreto armado. O trapiche tem 472 metros de comprimento e é servido por um bondinho elétrico para transporte de turistas.

Visite e conheça de perto essa capital do extremo norte do território brasileiro.

Fonte do Texto: Revista Amazônia Típica (Edição Nº. 04 / Julho a Setembro de 2011 - pág. 31) 
amazoniatipica.com.br

LINK DA REVISTA