Obra valorosa para as pesquisas sobre Oiapoque, trazendo aspectos históricos e
pitorescos enriquecedores à limitada produção literária. Volumosa, com mais de 400 páginas, apresenta leitura envolvente, dando a
sensação de vários livros em um só.
A autora é a jornalista Sonia Zaghetto, neta de Rocque Pennafort, um protagonista na história amapaense, testemunha de transformações na
trajetória oiapoquense no século passado, onde foi prefeito e também
memorialista, assentando-se o livro no resgate de seus registros.
Título: 'História de Oiapoque: com o arquivo e as memórias de Rocque Pennafort'
Autora: Sonia Zaghetto
Páginas: 456
Ano: 2019
Editora: Senado Federal
São
cinco as partes:
A primeira é um passeio pela história, onde destacam-se eventos direta
ou indiretamente relacionados à região em cada século. É uma das mais interessantes, proporcionando descobertas curiosas e importantes.
Das histórias quinhentistas registro navegações pioneiras como de Vicente Pinzón,
descobridor da foz do Amazonas e o primeiro europeu a navegar o rio
Oiapoque (que por anos recebeu seu nome). O seiscentismo traz histórias da França Equinocial; no setecentismo, destaque para a
pitoresca história da introdução do café no Brasil; no oitocentismo
desponta a disputa pelo Contestado entre Brasil e França (com
detalhamentos do famigerado embate no atual município de Amapá); e no novecentismo, a consolidação da região para o Brasil.
Parte I - Histórias
Rocque Pennafort em sua mesa de trabalho na Prefeitura.
Arquivo Rocque Pennafort. Foto extraída do livro.
A segunda e terceira trazem as memórias de Rocque Pennafort em
textos diversos que contam de maneira romanceada a
história de Oiapoque no século XX, passando por Clevelândia, instalação
da colônia militar, desenvolvimento da cidade e outras narrativas,
como a visita de um pesquisador da revista National Geographic. Encontramos biografia de Pennafort, que também foi prefeito em Mazagão.
Parte II - O livro de Memórias de Rocque Penafort - 1976
Parto na Amazônia - Um navio passa ao longe - O menino, a onça e o fim do medo - A viagem para o Oiapoque - A inauguração - Primeiro registro de nascimento do Oiapoque - Primeiro casamento na fronteira - O navio - Demonti e Martinica - Clevelândia, campo de concentração - "Comecemos a morrê" - Colonos e deportados dividem espaço - Inferno verde - O pega-pega de 1932 - O ouro e o fim - A presença militar no Oiapoque - A revolução do Formiga - A estrada Oiapoque-Clevelândia
Parte III - Outras histórias do século XX
Ramón Renau Ferrer - Jornada ao País dos Índios - Professora - Pilotos, árvores e rios - Anjo viúvo - A ninfa das águas e o Cientista da Nacional Geographic - De Beit Mery ao Oiapoque
Vista parcial da Praça Epitácio Pessoa em Clevelândia.
Arquivo Público Mineiro. Acervo Artur Bernardes. Foto Extraída do livro.
Na quarta parte, destaque para a história da construção do monumento à
pátria (cartão postal da cidade), e para a história dos primeiros
vereadores indígenas no Brasil, eleitos em Oiapoque em 1969 (episódio
pouco conhecido e ignorado no país).
Parte IV - O arquivo de Rocque Pennafort: informações para a História de Oiapoque
O Monumento à Pátria - A Avenida FAB - O CAN na Amazônia - O primeiro vereador indígena do Brasil - Os primeiros prefeitos do Oiapoque
O Monumento à Pátria na década de 80. Arquivo IBGE. Foto extraída do livro.
A última parte traz crônicas regionais de Rocque Pennafort e de seu
filho Hélio Pennafort. Textos que apresentam aspectos históricos, com drama e humor, sobretudo curiosos.
Parte V - Artigos e Crônicas
E agora, Dumont? - Pelos ermos tristonhos dos manguezais - Pelas lonjuras do Curipi - O peixe do Oiapoque - Cassiporé - A festa dos Caripunas no Uaçá - Histórias do cacique Coco - Campesinato escanifrado e forticulídeo - Curiosas e eengraçadíssimas histórias de campanha políticas
O livro tem também posfácio que aborda assuntos da atualidade (como
a ponte binacional), cronologia da história de Oiapoque e valoroso anexo
com mais de 100 imagens (entre registros históricos raros, mapas e
ilustrações).
PRINCIPAIS DATAS DA HISTÓRIA DE OIAPOQUE (lista parcial, em ilustração)
1493 - O Tratado de Tordesilhas mantém o Amapá entre as terras pertencentes à Coroa espanhola.
1500 - Vicente Pinzon é o primeiro europeu a navegar no rio Oiapoque.
1637 - 14 de julho. Filipe IV da Espanha cria a Capitania do Cabo Norte.
1713 - Tratado de Utrech.
1886 - Em 23 de outubro é proclamada a independ~encia da república do Cunani.
1900 - 1 de dezembro. O Laudo Suíço dá ao Brasil a posse do antigo território contestado, que inclui a região do atual Oiapoque.
1922 - Em 5 de maio é inaugurado o Centro Agrícola Cleveland.
2017 - 18 de março. Inaugurada a ponte binacional que liga o Brasil à Guiana Francesa;
Antiga Avenida FAB (Oiapoque). Foto extraída do livro.
Gostei bastante do livro! Recomendável para estudiosos e interessados no
tema, sendo extremamente valoroso para todas as bibliotecas e escolas
amapaenses.
DISPONÍVEL PARA CONSULTAS NA
BIBLIOTECA AMBIENTAL DA SEMA-AP