As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

NOTAS DO AMAPÁ - Hoje é o dia do Gari

Hoje é o dia do gari. Sem a ação, importante e contínua, desses profissionais em nossas cidades, muito mais caos existiria. Vejo-os nas ruas, debaixo de sol escaldante ou chuva, a trabalhar, se metendo nas coisas mais difíceis, entre carros e cachorros, limpando a sujeira por todos nós deixada. É impressionante ver também o descaso da população, em geral, quando se trata de educação ambiental e urbana. Quase todos jogam lixo em qualquer lugar e para onde a cara estiver virada....muitas vezes as lixeiras servem apenas de enfeite.
Esses profissionais que tantas vezes passam como invisíveis ao nosso lado, ignorados e até desprezados, merecem o respeito e reconhecimento pelo empenho, da população - tendo atitudes mais conscientes na destinação dos resíduos, pois afeta a todos nós - e dos governantes, que deveriam, numa ação tão exposta a risco como a deles, proporcionar-lhes condições favoráveis de trabalhar com segurança e principalmente dignidade. 
Um reconhecimento a quem se empenha todos os dias em nossa sociedade...assumindo um compromisso com o descompromisso de muitos, para tornar nossas cidades mais limpas!  
 Um folder da SEMA sobre coleta de lixo.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

HISTÓRIAS DA VÓ NIKITA - A História do Gonçalo

  "Barracão" - Fiz esse desenho com 15 anos (1988)

Mistérios e mistérios... pode-se dizer assim, quando se vive em uma região tão grande em encantos naturais, quanto em desconhecimento dos fatos presentes nas coisas  cotidianas que nos cercam. Assim é a Amazônia. 
Quando observo hoje todas as mídias disponíveis... cheia de bites, banda larga, High definition e o que mais for... num mundo de informações rápidas e à disposição fácil...vejo esse desconhecimento muito presente em grande parte da população sobre essas bandas de cá.
Há quem pense que aqui só tem índio, onça na rua, ou nem tenha civilização. Parece ridículo, mas é no que muitos acreditam, nesse mundo globalizado e evoluído.
Oras! Se hoje há tanta suposição, que dizer de uma Amazônia de trinta, setenta... cem ou mais anos atrás! Povoada de cidadãos sem a metade das condições e oportunidades hoje a nós oferecida.
Um lugar triplicado em mistérios, onde as histórias eram contadas e passadas, não como simples engodo, mas...de certa forma....como orientação e aprendizagem nas famílias.
Meus avós me contavam essas histórias... por serem as personagens ou por terem ouvido de seus pais. Sempre gostei de ouvi-las e deixo nestas linhas um pouco desse passado a se extinguir em todas as mentes... mas que formaram a nossa identidade cultural.
Ana, minha tataraseiláoquevó, contou a sua filha Tereza, que contou a sua filha Marieta, que contou a minha avó Ana – Nikita para os íntimos - que foi quem me contou. Será mais um dos muitos delírios daqueles tempos... sei lá? Mas coisas sempre ocorriam e a informação, em todas as épocas, é sempre fundamento vital para nossa existência.  

Aconteceu há mais de cem anos lá no rio Jacaré Grande. O Gonçalo tinha um barracão onde morava com sua família (de nomes, só sobrou a lembrança de sua filha Raimunda). Era um sujeito pacato e trabalhador em um comércio próximo, caracterizado por apresentar um trapiche muito grande na frente. Local para atracação e descarga de mercadorias.
Num lugar em que os lampiões e lamparinas reinavam todas as noites, era costume dormir cedo, de manhã todos tinham muito o que fazer. Cedinho ir pescar, lavar roupa no igarapé, tirar açaí...tanta coisa, tanta coisa.  
Foi por volta das 18 h que se iniciou essa história. Raimunda estava um dia sozinha lá na ponta do trapichão... espairecia um pouco da lida para tratar de se recolher ao seu barracão. Televisão, novelas? Ah! Isso era uma uma regalia para gerações futuras. O lugar era ermo e sossegado. Na boca da noite poucos vinham em busca de mantimentos no comércio pertinho.
Até que um dia... Murmúrios, movimentos próximos, Raimunda voltou sua atenção para as bandas de um aningal. Não era comum agito por ali, cheio de poraquês e carapanãs a esta hora, quem poderia se meter ali? Só podia ser ladrão, querendo roubar o comércio... Foi o que pensou.
Quase em seguida, eis que surge uma "montaria", mas não uma qualquer, era dessas de dar gosto de ver e passear. Bem feita e pintada, mas também diferente por apresentar três homens muito bem alinhados, com terno branco e chapéu de couro com uma fita preta. Sujeitos nunca vistos antes. Remaram até sumir na primeira curva do rio.
Vô Apolinário e Vó Ana (1998)
Raimunda recolheu-se ao barracão e contou os fatos ao Gonçalo, seu pai. Evidentemente o homem ficou cismado, pois conhecia todo mundo naquelas paragens e nada sabia dos sujeitos.
Na hora de maior sono, palmas em frente à casa. Gonçalo pulou da cama e foi verificar, nada de gente! E palmas novamente! O homem começou a ficar bravo e espraguejar, principalmente pelas pedradas seguidas que se iniciaram sobre a casa. Só pode ser moleque, certamente esses rapazes que sua filha viu e que deveriam estar com ela para roubar-lhe e sumir no mundo. A cada pedrada e palmas o homem ficava mais furioso ainda, a ponto de dicutir ferrenhamente com seus parentes. Gritava, espraguejava, e queria agredir sua filha, a quem sempre acusava. Para maior espanto de seus familiares, qual a razão disso? Já que nada viam ou ouviam!
O Gonçalo estava transformado, parecia não ser o mesmo. Só quando suas forças se esgotaram que dormiu profundamente, para alívio de todos, tão assustados e sem o porquê da situação.
Os dias seguintes não foram mais os mesmos..... Gonçalo entrara numa situação de abatimento profundo. Pouco falava, desinteressado de tudo e com longas horas falando baixinho e sozinho. Buscavam e imaginavam causas a essa “panemagem” mas, em terras onde acreditava-se em uiara e matinta-pereira, de benzedeiras e pajelanças (únicos meios de se agarrar a uma “assistência em saúde”) logo se mitificou a situação. Lembraram da história da Raimunda e dos rapazes desconhecidos e concluíram: Só poderiam ser botos “mundiando” mais uma pobre alma para  carregá-la a seu mundo encantado. 
Talvez por quererem ver, acreditarem sinceramente nestas coisas, houve muitos relatos de verem o Gonçalo, que gostava de ficar sozinho na ponta do trapiche, estar sempre acompanhado e conversando com três rapazes. Uns contaram até que avistaram um deles pulando na água e sumindo, aparecendo logo em seguida um boto. Diga-se aqui que era comum botos transitarem por essas paragens, principalmente nos horários de menor movimento, como no entardecer e perto do trapiche...tão avançado no rio.  
Acreditando-se ou não, diante do sentimento de impossibilidade de curar o Gonçalo, deixaram-no com suas “visagens” e sempre um frio percorria o corpo de quem avistava-o no trapiche “conversando com os botos”, de quem já era encantado!

Mistérios na Amazônia... Verdade ou mentira, ficou o fato do Gonçalo morrer pouquíssimo tempo depois e, naquele trapiche, ninguém querer circular sozinho à noite.

Você talvez estranhe essa história, não são os botos vistos sempre como conquistadores? Sim, mas ali, na mente de todos era mais que isso, eram símbolos de morte quando simpatizavam com a alma de alguém. Acreditou-se por muito tempo nisso e, de boato em boato, aí está mais um fato marcante na história e agir de todos daquele lugar e tempo... um pouco acima das três bocas, tantos anos atrás, lá nas margens do Jacaré grande!!

"Barracão" - Desenho de Isabelly (9 anos), miha sobrinha (2011)

terça-feira, 10 de maio de 2011

Educação Ambiental para a preservação dos Grandes Felinos (Publicações)

Ocorrências de ataques de onças estão presentes anualmente em todo o território nacional. Acontece devido a destruição do meio ambiente e das presas caçadas pelo felino, quando o homem invade seu espaço e provoca a aproximação. 
Atentemos para a importância de se manter o equilíbrio ecológico, onde esses predadores naturais possam ter sempre o direito à vida respeitado.
A publicação é da LAKE, de 1999, tratando da preservação desses felinos (Toinzinho e a Onça).

A RPPN REVECOM desenvolve importante projeto ambiental no Amapá, através da recuperação de áreas degradadas, produção de mudas, reintrodução de fauna e cuidados a animais feridos (apreendidos por órgãos ambientais, provenientes do tráfico silvestre).
Essa HQ é uma de suas ferramentas na educação ambiental, destinada ao público infantojuvenil (mostrando a triste realidade da caça e maus tratos), objetivando a conscientização e adesão à importância da preservação ambiental.
Destaque para as ótimas ilustrações.

Conheça a RPPN REVECOM (revecombr.com.br) e sua importância ambiental no Estado do Amapá.

Presença e abate de grandes felinos na APA do Curiaú

Onça-parda ou Suçuarana
A Área de Preservação Ambiental do rio Curiaú localiza-se na região da foz do rio Curiaú, no estado do Amapá. A cerca de 8 km da cidade de Macapá, a APA tem como objetivo a proteção e conservação dos recursos naturais e ambientais da região. Em paralelo, os moradores lutam para preservar, além da beleza natural da região, a memória dos antigos escravos, trazidos no século XVIII, para a construção da Fortaleza de São José de Macapá. (Fonte: Wikipédia).
O local apresenta criação de gado e foram registrados, nos recentes anos, alguns conflitos entre criadores e onças (Panthera onça e Puma concolor), devido a predação, gerando temor a população residente e perdas econômicas. 

Onça-pintada
O aparecimento das onças está relacionado à devastação de seu habitat, provocando a migração destas para as áreas de várzeas, onde estão presentes os bois, vacas, porcos e cavalos das comunidades.

Esses conflitos acabam, quase sempre, no abate dos animais. Isso é algo difundido e praticado por pecuaristas em todas as partes - independente de fronteiras.

Abaixo, algumas reportagens de jornais amapaenses sobre a presença e abate destes grandes felinos na APA do Curiaú. São textos do ano de 2007.

Diário do Amapá - 31/08/2007"Onças invadem pastos e assustam moradores do Curiaú"
Diário do Amapá - 19/09/2007 - "Moradores do Curiaú matam uma das onças que devorava animais"

Jornal do Dia 19/09/2007 - "Comunidade do Curiaú Abate onça parda"
Em razão dos casos registrados, foi criado o projeto Proposta multidisciplinar para conservação de grandes felinos na APA , que ficou conhecido como "Onça do Curiaú", em junho de 2009, com a coordenação de pesquisadores do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (IEPA) e SEMA, programando-se exibição de vídeos e palestras junto a comunidade.

A meta do projeto foi ainda saber o que os pecuaristas pensam sobre a presença das onças na Área de Preservação Ambiental do rio Curiaú (APA) e a sua disponibilidade de receber as informações de manejo adequado, visando à prevenção da predação no local. Informações importantes para promover a melhor convivência entre população e a fauna local. (Fonte: //www.jusbrasil.com.br/politica/4906513/governo-prepara-acao-ambiental-apa-do-rio-curiau).

Veja o relatório produzido pelo IBAMA (2007) devido o abate de onça na APA do Curiaú.

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sábado, 7 de maio de 2011

Histórias da Vó Nikita - Encontro com botos no rio Jacaré Grande

"A cultura brasileira é vasta e rica no campo das lendas. Devemos considerar que lenda não significa necessariamente uma mentira, e nem uma verdade absoluta. O que podemos e devemos deduzir é que uma história para ser criada, defendida e o mais importante, ter sobrevivido na memória das pessoas, deve ter no mínimo um pouco de fatos verídicos. Um fator desconhecido ao qual deu-se livres interpretações, todas procurando elucidar os fatos e criando assim um conhecimento aceitável pela grande massa...desejosa de entendimento."
No Amapá, como não poderia ser diferente, temos muitas lendas, repassadas por nossos avós, pais ou conhecidos. Histórias e estórias que traduzem um saber local e que caracterizaram nossa identidade cultura.
Quando converso com minha avó Ana (Nikita) e lembrando das histórias de meu saudoso avô Apolinário (Branco Velho), esses fatos tornam-se bastante evidentes.
Uma das histórias presentes em minhas lembranças é a seguinte...
Lá pelos idos de 1930, época sem eletricidade nas casas, nem escola para as crianças ribeirinhas, de muita peleja desde cedo e  sobrevivência árdua numa terra de exuberâncias e mistérios naturais, às margens do rio Jacaré Grande, interior do Pará, viviam Alexandre, sua esposa Marieta e os filhos Nilzinho, Lóla, Ana, Mundinha, Raimundo e Lourival. Algo comum naquele mundaréu de selva, onde tantas famílias viviam de maneira muita parecida, a não ser pelos fatos que rotineiramente as cercavam e que se mitificaram nas descrições que hoje chegam a nós.
Aquele foi um dia difícil e de pânico para minha avó e seus irmãos, um dos dias em que meu bisavô levava a família para visitar seus parentes numa localidade próxima, distante várias remadas.
Como homem prudente que era, Alexandre escolheu o melhor “casco” e minha bisavó Marieta cedo arrumou a garotada, diga-se de passagem, sempre animada em dias como esse.
Todos na “montaria” e remos para que te quero! 
Logo, logo, um evento nunca visto por eles começou a se desenrolar.
Primeiro foi um boto.....boiou ali perto e desapareceu. Depois foram dois, com manobras espetaculares como a se exibir....três, quatro, todos se aproximando e seguindo a canoa.   
Eram botos vermelhos (também chamados de malhados, hoje boto rosa) e, segundo minha avó, esses  animais eram temidos pelos caboclos, talvez pelo tamanho, mas sobretudo pelo desconhecimento. Minha avó dizia que dos botos tucuxis não tinham medo, eles até espantavam os vermelhos dali. Mas destes últimos... Ah! Era um medo de sair da água na hora que apareciam.
Enfim, um frenesi instalou-se ao redor da canoa, quase não dava para remar, eram a essa altura vários e pulavam muito rente. Exibiam a cauda, pulavam dois, três juntos e tão próximos que balançavam o casco. Para minha avó, ver aquelas cabeçonas vermelhas de perto no meio do rio era algo apavorante. Oras, vemos um quadro de dificuldades àquela família, com a criançada eufórica e meu bisavô tentando afastá-los dali. Ficou pior quando começaram a passar por baixo da canoa e bater no fundo dela, balançando ainda mais até quase virar. Imagine aquelas silhuetas todas aparecendo e sumindo por todos os lados que nem uns fantasmas. A família segurava as bordas para a canoa não virar e os botos continuavam pulando e batendo. Isso durou alguns minutos até que Alexandre, detentor do conhecimento para a situação, com seu facão fez uma cruz imaginária na água e, com algumas palavras de oração, espetou este no meio da canoa. Não sei o porquê disso, mas o fato resultante é que na hora os botos mergulharam e boiaram bem longe, se afastando definitivamente.
Esse foi o fato narrado por minha vozinha e, cá com meus botões em pleno século XXI (não sou nenhum biólogo) também não sei a razão disso tudo, mas sei que de histórias como esta é que foram construídas as lendas que chegam até nós. Oras, não dá para imaginar que os botos queriam virar a canoa e levá-los encantados para o fundo do rio?  Digo apenas que a história é esta e a continuidade disso está na sua imaginação!!!!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

OLHOS NA HISTÓRIA - Homenagem ao Dia das Mães

Anna Jarvis
O Dia das Mães teve a sua origem no princípio do século XX, quando uma jovem norte-americana, Anna Jarvis, perdeu sua mãe e entrou em completa depressão. Preocupadas com aquele sofrimento, algumas amigas tiveram a idéia de perpetuar a memória da mãe de Annie com uma festa. Annie quis que a homenagem fosse estendida a todas as mães, vivas ou mortas, com um dia em que todas as crianças se lembrassem e homenageassem suas mães. A idéia era fortalecer os laços familiares e o respeito pelos pais. Em pouco tempo, a comemoração se alastrou por todos os Estados Unidos e, em 1914, sua data foi oficializada pelo presidente Woodrow Wilson: dia 9 de Maio. 
No Brasil, o primeiro Dia das Mães foi promovido pela Associação Cristã de Moços de Porto Alegre, no dia 12 de maio de 1918. Em 1932, o então presidente Getúlio Vargas oficializou a data no segundo domingo de maio. Em 1947, Dom Jaime de Barros Câmara, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, determinou que essa data fizesse parte também no calendário oficial da Igreja Católica. 
1974 e 1985


 
Mãe!

Tradução da generosidade
E grandeza de Deus
Por oportunizar-nos todos os dias
A benção de estar
Ao seu lado.

Obrigado Senhor!
Obrigado mãe!




2009 - Eu, minha mãe e irmãos.
Esta é uma homenagem à Alzira Castelo (mãe, melhor...pãe)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

BAIRROS DE MACAPÁ - O Bairro do Beirol (Parte 1)

A denominação deste bairro origina-se de um antigo paredão  existente  ali, no  final do século passado. O paredão servia de referência para que os artilheiros da Fortaleza de São José praticassem o tiro-ao-alvo, usando os centenários canhões da fortificação. A crônica da época conta que o padre Gregório Álvares da Costa, terceiro vigário de Macapá, destacava-se como exímio artilheiro nestes exercícios. A ele competia dar lições de tiro e de arte militar aos soldados da  fortaleza. Os  exercícios  de  tiro-ao-alvo  eram  praticados  nos  dias  santificados  e  nas  datas cívicas. 

Mapa SEMA-AP (2004)

Logo após a  instalação do governo  territorial,  foi construído no  local, que ainda não se chamava Beirol, o primeiro presídio de Macapá, mas  também  ficou conhecido com o nome do bairro. Assim desfaz-se o comentário tradicional de que o bairro tivesse se originado do presídio. No bairro encontravam-se a maioria das estações transmissoras das emissoras de rádio e televisão do Amapá e as antenas da Embratel; o balneário do Araxá; a sede campestre do SESC; a estação de  tratamento de água da CAESA e a  Igreja de São Pedro, entre outros locais de destaque.  
(Fonte: Texto de Edgar Rodrigues)

Antigas antenas da EMBRATEL nos anos 80 (ao lado do SESC)
Paróquia São Pedro (2011) - Igreja com um movimento de renovação carismática no Bairro Beirol. Ao seu lado localiza-se uma sede do AA
Historicamente, em 29/11/1964, o Padre Agelo Bubani benze e celebra a 1ª Missa na 1ª Capela do Bairro do Beirol que Padre Franco De Benedetti acabara de construir (aproveitando madeira e telhas da desativada Capela de Santa Terezinha da "Fazendinha de Fora", Marco Zero). Os trabalhos tinham sido iniciados a 14/06/1964 com o levantamento de um cruzeiro no lugar da capela. Ela foi construída em madeira e sua cobertura era de telhas de barro.
Em 29/06/1974 Dom José Maritano inaugurou a nova Igreja, construída em alvenaria, no lugar da primeira construída pelo Padre Vendramino Zanardo. O piso é agora em cimento com telhado de brasilit.
A ereção da Pároquia foi em 01/10/1978, por Dom José Maritano, que a desmembrou da de N. S. da Conceição no Bairro do Trem (onde estava incluída de 18/03/1973 até 01/10/1978).
Em 02/05/1998, Dom João Risatti, Bispo diocesano de Macapá, confia a paróquia São Pedro ao Clero da Paróquia Nª Sª da Conceição, cujo pároco é o Padre Giovanni pontarolo e Vigário Paroquial o Padre Enrico Bertazzoli, exceto a área denominada Zerão que confia aos cuidados pastorais do Rev. Pe. Inácio Lastrico, e a área denominada Fazendinha que confia ao Pe. Luis Brusadelli.
                                                                                  
Cruzamento da Rua Leopoldo Machado com Av. Felipe Camarão. A Rua Leopoldo Machado é uma das principais de Macapá, pois atravessa vários bairros. Devido o maior tráfego, atualmente é uma das vias de saída da cidade, com mão única no sentido da Rodovia JK.  
   SESC na Rua Jovino Dinoá (2011)
O SESC Amapá, desde a sua implantação (1977), vem atuando nas áreas de educação, cultura, lazer e assistência. (Foto de 2011).
Entroncamento que dá acesso ao Complexo do Araxá (2011)
Veja também:
- O Bairro Beirol (Parte 2)

quarta-feira, 4 de maio de 2011

OLHOS NA HISTÓRIA - A exploração do manganês de Serra do Navio (Parte 1)

A exploração do manganês de Serra do Navio tem sua gênese na associação do empresário mineiro Augusto Trajano de Azevedo com a Bethlehem Steel - a segunda maior empresa do aço dos Estados Unidos, que, juntos, formaram a Indústria e Comércio de Minérios (ICOMI), que passou a atuar no Amapá no início dos anos 50.

Oficialmente, a descoberta das jazidas de manganês em Serra do Navio se deu em 1946, após os incentivos à pesquisa e prospecção mineral feitos pelo primeiro governador do Amapá (o capitão Janary Gentil Nunes). Apresentaram-se para a concorrência de exploração desse mineral duas empresas americanas - a United States Steel e a Hanna Coal & Ore Corporation - , e uma pequena empresa brasileira da época: a ICOMI. Surpreendentemente, o governo brasileiro optou por esta última, justificando que era fundamental o desenvolvimento de uma empresa do próprio país para explorar grandes jazidas. Após vencer a concorrência, Azevedo Antunes transformou sua empresa em sociedade anônima, ao vender 49% de suas ações para a Bethlehem Steel tirando proveito de uma cláusula do edital de licitação, que exigia que o controle do empreendimento responsável pela exploração de manganês fosse de capital nacional. A cláusula teria sido incluída por influência do próprio Azevedo Antunes, conhecido por sua proximidade com o meio político. A parceria com a empresa americana traria aporte de capital e tecnologia para o projeto de exploração do manganês de Serra do Navio.

Veja uma uma reportagem do Jornal do Dia (24/08/1999) em que foi publicado o contrato da exploração das jazidas no Amapá. O material faz parte do acervo da Biblioteca SEMA.

Clik nas imagens para ampliar

 

O governo autorizou a concessão da exploração desse minério por 50 anos, no período que deveria ser entre 1953 e 2003. Naquele momento, a siderurgia americana estava fortemente dependente do manganês explorado nas nações africanas. A extração do manganês da Serra do Navio a partir de 1955 e seu escoamento para os EUA, além de minimizar a depend~encia do minério extraído na África, poderia aumentar o estoque americano em um momento em que a ibdústria bélica necessitava de grande quantidade de aço: "o período da "Guerra Fria". Nesse cenário, aumentar a reserva manganífera passou a ser uma imposição para a geopolítica norte-americana, pois devemos considerar que a antiga URSS possuía grandes estoques desse minério, o que lhe garantia uma relativa autonomia na produção de aço necessário ao seu desenvolvimento industrial. Esses fatores elevaram o preço desse minério, fazendo com que a ICOMI deslanchasse, ao contrário de outros empreendimentos de grande porte montados na região amazônica, como o Projeto Jari, do empresário norte-americano Daniel Ludwig (o próprio Azevedo Antunes comprou a Jari em 1982, mas o negócio de papel e celulose continuou no vermelhop nas mãos da CAEMI, que vendeu em 2000). A prosperidade da ICOMI só começou a minguar com o fim da Guerra Fria e o início da exploração de manganês na Serra dos Carajás, no Pará.
Apesar das maiores reservas brasileiras de manganês estarem localizadas no Maciço de Urucum (Mato Grosso do Sul) e na região de carajás (Pará), durante muito tempo a Serra do Navio respondeu pela maior parte da produção desse minério.

A seguir, fotos de trabalhadores da ICOMI nos anos 60. Uma época romântica e de sonhos para várias pessoas, desejosas de trabalhar na companhia. As fotos são do acervo de Rogério Castelo e mostram seu pai (Osvaldo Nascimento dos Santos) com amigos na mina.

Empenho em busca de realizações.
Era comum entre os trabalhadores serem conhecidos apenas por apelidos (Ex.: Cara-de-Macaco, Pavão, Jaburu, Cara-Suja, Fubica, Menos-Dois, Diabo Loiro, Bispo, Canindé, Zé Duarte, Sussuarana, Vermelhão, Manelão, Sebinho, Rasto-de-Alma, Bombril, Preguiça, Cuamba, Tio Vinte, Rato, Cupim, Mucura, Flexa, Marcha-Lenta, Neco, Baixinho, Bifão, Lolito, Deca, Bené, Ceará-Cachorro, Chicão, Papa-Isca, Asa Aberta, Caranguejo Elétrico, Mucurinha, Tio  Ioiô, Beiço-de-burra, Sabarito, Chico Bel, Françoá, etc. Mais que rapaziada gaiata!!!). Ninguém escapava não, nem a chefia. Era bater o olho e "batizar" o cristão. Meu pai mesmo, quando chegou na Serra, na hora que colocou a cara para fora do carro, já foi carinhosamente recebido pela singela, bonita e mui amiga alcunha de Cara-de-Macaco. Criativiadade na hora, e não adiantava reclamar que só fortalecia mais o apelido, já era!!!!
Na foto, os figuras posando de bacana no Cartepila são, da esquerda para a direita: Niquilado, Couro-Curto, Roberto Carlos e Cara-de-Macaco.
Ah! Essa galera gostava de jogar uma sinuca lá no Manganês Clube, certamente!!!

... ou quem sabe dar uma merendada lá na lanchonete da Dona Didi... depois de "aparar o telhado" na barbearia do Coronel... ou comprar uma quinquilharia qualquer no Cinturinha ou na loja da Francinete... ou na Darica... Ah! tinha o Valente, um armazém com diversas coisas também!
Em uma época sem televisão, nas horas de folga, era costume de muitos ler livros de bolso com tema faroeste e depois trocar por outros, em visitas casuais. Lembro disso!!!
Sempre ouvia falar de uma tal "onça que comia" (receio dos trabalhadores), mas que raios era isso?! Falar que a onça comeu fulano e em minha mente se fantasiava um verdadeiro quadro de terror dos mais cruéis possíveis! Só depois descobri que era a perda do emprego. Ah eu era muito novo e morei na Serra até os nove anos...
Para viabilizar a exportação do minério, a ICOMI construiu uma ferrovia (E.F. Amapá) com 193 km de Serra do Navio até o porto de Santana. A empresa também realizou outros investimentos em infraestrutura, destacando-se a construção de duas "company towns" (Serra do Navio e Vila Amazonas), ampliação da área portuária de Santana, e na Hidrelétrica Coaracy Nunes (Usina do Paredão, construída com "royalties" da exploração do manganês). "Copmpany towns" são núcleos habitacionais construídos com infraestrutura para abrigar os trabalhadores dos Grandes Projetos na Amazônia. A lavra e comercialização do minério de manganês ocorreu entre 1957 e 1997. A maior parte da produção foi constituída por blocos naturais desse minério, que eram britados, peneirados e classificados granulometricamente até atingir as especificaçãoes exigidas pelos compradores.

Fonte: Texto extraído do livro "Geografia do Amapá", do Prof. Antonio Carlos

Várzeas da Costa Amapaense: Principais Características e Possibilidades Agropecuárias (Publicação)

A várzea localiza-se em solos às margens dos rios, igarapés e lagos, sob florestas alagadas ou campos inundáveis. É um ecossistema rico em biodiversidade natural, possui solos férteis devido às enchentes no período de chuva e efeito das marés duas vezes ao dia, no caso de várzea localizada na região do estuário. A maioria dos rios formadores da bacia Amazônica transporta sedimentos minerais e orgânicos e deposita em seus leitos, proporcionando a fertilização de terras. A várzea tem grande potencial para exercer atividade agrícola para o cultivo de espécies nativas ou não nativas, voltado para produção intensiva, garantindo a alta produtividade durante vários anos, apresentando-se como boa alternativa socioeconômica de subsistência da comunidade ribeirinha.
A floresta de várzea no Estado do Amapá representa 4,85% da cobertura vegetal e 15,46% do setor costeiro estuário do Estado, segundo dados do ZEE de 1998. A potencialidade da várzea tem sido pouco aproveitada para o desenvolvimento da região e em benefícios das populações ribeirinhas, além do total desconhecimento da estrutura da comunidade vegetal e florística da região.  

Fonte: Projeto de Uso Sustentável dos Recursos Florestais em áreas de Várzea do Estado

No livro Várzeas da Costa Amapaense: Principais Características e Possibilidades Agropecuárias, dos autores Rubens Rodrigues Lima e Manoel Malheiros Tourinho, encontramos um estudo sobre várzeas amapaense, abordando a importância, características e possibilidades agropecuárias. A obra foi publicada em 1994, tem 57 páginas e apresenta o seguinte Sumário:
- Introdução
- Aspectos Fisiográficos Gerais
- As marés
- Peculiariedades dos rios
- As pororocas
- A origem dos sedimentos
- Fatores que concorrem para as inundações: Pluviosidade / Influências das marés / Estrangulamento dos rios / Diminuição da evapotranspiração
- O regime da inundação dos campos
- Aspectos gerais da vegetação na área inundável: Os manguezais / A mata ciliar / Os "cariazais" / Os campos naturais / Buritizais e aningais / A vegetação das "ilhas"
- Fatores que concorrem para a formação do solo: As marés e as pororocas / Os sedimentos do Rio Amazonas  / Diferenças na sedimentação / Os depósitos de matéria orgânica / A influência da água salgada (várzeas flúvio-marinhas) / A colmatagem dos sedimentos nos manguezais
- A fertilidade dos solos nas várzeas da costa amapaense
- Possibilidades agrícolas
- Possibilidades pecuárias
- A Fazenda do Uaçá
A drenagem dos campos

Está disponível para consultas na Biblioteca Ambiental da SEMA,
 localizada no Bairro Central em Macapá